Resenha - O amante de Lady Chatterley - D. H. Lawrance.

 

Impedido de ser publicado à época de seu lançamento, em 1928, pelas "palavras inapropriadas" e por tratar de sexo e traição de modo explícito, este romance chega aos dias de hoje como um clássico da literatura.

Poucos meses depois de seu casamento, Constance Chatterley, uma garota criada numa família burguesa e liberal, vê seu marido partir rumo à guerra. O homem que ela recebe de volta está paralisado da cintura para baixo, e eles se recolhem na vasta propriedade rural dos Chatterley. Inteiramente devotado à sua carreira literária e depois aos negócios da família, Clifford vai aos poucos se distanciando da mulher. Isolada, Constance encontra companhia no guarda-caças Oliver Mellors, um ex-soldado que resolveu viver no isolamento após sucessivos fracassos amorosos.  

Há noventa anos atrás D. H. Lawrance publicou um livro muito polêmico chamado "O amante de Lady Chatterley". O autor utilizava uma linguagem "desapropriada" para época, pois escrevia sobre sexo de uma maneira explicita. A obra também causou escândalo, por criticas relacionadas as diferenças entre classes sociais e a ao trabalho industrial incessante. A obra foi censurada por muitos anos e proibida no Brasil durante a ditadura.

Constance e sua irmã, foram mulheres criadas com muita liberdade e tiveram a oportunidade de viajar e conhecer intimamente alguns homens, até que ambas casaram-se. Logo Constance tornou-se Lady Chatterley, esposa de um barão chamado Clliford, que era dono de algumas minas. Com pouquíssimo tempo de casado ele teve de ir a guerra, da qual voltou vivo, porém, paralitico. 

Connie não abandonou seu marido, pelo contrário, virou sua enfermeira, amiga e o incentivou a continuar vivendo. Empenhou-se em ajuda-lo a ser um escritor bem sucedido e mesmo que ambos não tivessem uma vida sexual ativa, por um certo tempo concordavam que amor o espiritual, era mais forte que o carnal. Clifford chegou a sugerir a sua esposa que ela deveria ter um filho de outro homem, para que a criança viesse a ser seu herdeiro, ela hesitou, só que essa hesitação não durou muito tempo... Ela conheceu Oliver Mellors.

Oliver Mellors era o guarda-caça de Wragby, um homem que voltara da guerra, cujo a esposa havia fugido com outro. Tratava-se de uma pessoa extremamente revoltada com o mundo, possuía bons modos, mas não os utilizava em forma de protesto. Tinha capacidade de possuir uma posição melhor na sociedade, mas ficava satisfeito em viver longe das pessoas, por isso candidatou-se para trabalhar em Wragby. Mal sabia ele que ao querer se afastar da sociedade ou do mundo encontraria a "fêmea" perfeita, a mulher que satisfaria seus desejos, o problema é que ela pertencia a alta sociedade e era casada com seu patrão.

O que mais me impressionou na obra não foi o sexo explícito, mas sim a questão de Lawrance parecer colocar sua visão e seus pensamentos mais íntimos na obra, principalmente a respeito do sexo masculino e do trabalho industrial massante. Logo nas primeiras páginas pude perceber o quão diferente era a obra por esse seguinte trecho. 

" A bela e pura liberdade duma mulher valia muito mais que qualquer amor sexual. O triste é o atraso do homem nesse ponto. Eles insistem na cópula como cães. E a mulher tem de ceder, tão infantilmente teimosos os homens se mostram. Ou a mulher cede ou temo-los a se comportarem como crianças malcriadas, que estragam tudo com seus amuos. Mas a mulher pode ceder só na aparência, conservando-se livre e dona de si lá no seu íntimo."

A partir desse trecho você pode entender o porque dessa obra ser tão polêmica, se em 2018 isso já fere o ego masculino, imagina há noventa anos atrás?  O amante de Lady Chatterley é uma leitura muito envolvente, repleta de críticas a sociedade londrina da época e personagens donos de características marcantes. Para quem lê os livros "hots" da atualidade, ao entrarem em contato com essa obra vão achar que o  erotismo não é tão pesado, porém, devemos sempre nos lembrar o contexto e a época em que a obra foi escrita. Deixo aqui uma dica: sempre vale a pena ler um clássico!

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